Sunday, May 17, 2015
Pedras...
Caminhando pelas areias da vida, deparei-me com um obstáculo à partida incontornável. Uma pedra! “Tudo o que sucede, acontece por alguma razão”, por isso, parei… observei, tentei perceber até que ponto, aquele pequeno objecto me obrigava a parar o caminho há muito traçado. Não encontrei qualquer explicação lógica, que me permitisse entender o porquê do sucedido!Pensei, olhei fixamente o objecto insignificante… os pensamentos, as hipóteses assolavam-me mas nada me levava ao verdadeiro objectivo daquela pequena pedra. Parei… a memória foi a aliada do momento, lembrei que mesmo o mais pequeno espinho nos faz parar uma caminhada determinada. O pequeno espinho permite que pensemos nos pormenores que decidem a nossa vida. A correria diária faz com que a vida passe sem que cheguemos a ver o que realmente é importante…permitimos que ela se acumule em fotografias e memórias que se vão esfumando com o tempo… A pedra permitiu uma reflexão, por mais pequeno que o seu tamanho fosse, foi o suficiente para parar uma caminhada objectiva, determinada e concreta… a caminhada de viver! Todos os acontecimentos quotidianos não são suficientes para uma aprendizagem, temos que nos aperceber que a vida se faz de pequenos pormenores… tão pequenos como a pedra!Segui pela estrada onde as pegadas daquele acontecimento foram apagadas pelo tempo… não sem antes levar a pequena pedra no bolso… quando um pormenor importante, um acontecimento mínimo que pode decidir o meu caminho me escapa por distracção, ou mesmo, por uma consciência inconsciente, a pedra está lá… permite que volte atrás e aprenda mais uma lição! Peguei na pedra e lembrei todo o sofrimento que passei ao longo deste pesaroso e longo caminho que é a vida... As lições de vida não acabam porque queremos ter sempre quem não nos quer, a tal pessoa errada que existe para nós e que sabemos que nos vai fazer sofrer mas mesmo assim queremos te-la ao nosso lado. É a condição humana de quem tem um coração, faz com que assim seja e pensamos... “O coração doi?”, sim. Sofre de dor, uma dor que não se vê e magoa tanto ou mais como a dor visivel estampada no rosto de quem se fere fisicamente.Voltamos a olhar para a pedra, um objecto sem vida mas que nos acompanhou em tantas aventuras e desventuras amorosas, apertámo-lo na palma da mão e somos sugados para as memórias infelizes de quem ama. A alma pede que pare mas somos consumidos por tudo o que nos magoou.... Qual o objectivo de tudo isto?? A pedra funciona, como sempre, como o objecto da alma que armazenou tudo o que nos envolve a memória e, mais uma vez, lembramos que ela está a impedir – como espinho cravado num pé – que tomemos o caminho mais fácil, o da desistência própria dos perdedores que temem todo o tipo de dor.Ajoelho-me e pego um pouco de terra pisada por milhares de pés e beijada pela brisa do vento num fim de tarde de Verão... ouço todo o seu sofrimento diário e sinto que não me posso entregar, não desta forma, sem lutar.
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